Homenagem
O Baile do Aviador 2024 da Guarnição Aeronáutica de Belém (GUARNAE-BE) tem a honra de homenagear este ano o ilustre paraense Júlio Cézar Ribeiro de Souza (1843-1887).
Militar, Poeta, Jornalista, Professor, Inventor e Aeronauta autodidata que ganhou projeção internacional por suas importantes contribuições como grande precursor da dirigibilidade aérea com aeróstatos, ainda no século XIX. Embora não tenha obtido o reconhecimento merecido em sua época, o paraense recebeu, post morten, a honraria Ordem do Mérito Aeronáutico no nível de Grande-Oficial, também tem seu nome gravado no livro de aço dos Heróis e Heroínas da Pátria em Brasília, já nomeou o Aeroporto Internacional de Belém, bem como denomina uma das principais avenidas da cidade de Belém-PA, a Avenida Júlio César, onde se encontram importantes Organizações da Força Aérea e é um cartão de visita da cidade para quem chega pelo aeroporto.
Nascido de uma família simples natural do Acará, no Pará, saiu da pequena vila ainda jovem para estudar em Belém-PA, no Seminário do Carmo, e continuou os estudos na Escola Central, no Rio de Janeiro, então capital do Império. Lá ingressou na carreira militar e depois passou a integrar o Batalhão dos Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai (1864 -1870), quando, Júlio César teve seu primeiro contato com balões. Na época eram utilizados militarmente para o mapeamento de território e espionagem, embora naqueles tempos, ainda não possuíssem dirigibilidade, ou seja, voavam com a direção do vento, sem muito controle. Foi então que Júlio César tomou a resolução desse problema como sua grande missão ao retornar ao Brasil depois da Guerra.
Foi observando os pássaros, principalmente o urubu, que encontrou sua resposta, pois ao perceber nas aves que o volume frontal é maior do que a parte próxima a cauda, concluiu que seria necessária uma mudança no formato do balão, assim propondo o formato fusiforme assimétrico, com mudanças no centro de gravidade do objeto, melhorando a aerodinâmica do seu projeto. Tal descoberta foi utilizada posteriormente, por outros inventores que o sucederam, em outros balões dirigíveis como os de Augusto Severo, Santos Dumont e Ferdinand Von Zeppelin.
Ao conseguir reunir recursos, foi para a França, em 1881, para construir o seu primeiro balão, o Le Victoria, que conseguiu voar nos dias 08 e 12 de novembro de 1881, em sentido oposto ao vento, como previsto, fato que gerou grande repercussão na capital francesa e no Brasil. Este foi um feito inédito que representou um grande avanço na tecnologia aérea. O balão foi trazido a Belém e à capital do Império para demonstrações diante do próprio Imperador D. Pedro II, sendo o primeiro dirigível a voar em terras brasileiras.
Não obstante a importância do trabalho desenvolvido, Júlio César encontrou muita dificuldade para prosseguir seu trabalho devido aos problemas financeiros e outros entraves que enfrentava. À duras penas, conseguiu encomendar mais um balão, o Santa Maria de Belém. Sem conseguir recursos para fazê-lo voar em Paris, o trouxe para a capital paraense para demonstrações na Praça da Sé, Cidade Velha, em 12 de julho de 1884. A inexperiência de sua equipe local na manipulação do hidrogênio fez com que muito do gás se perdesse, além de estragar parte da estrutura do balão, o que impossibilitou o seu voo.
Em consideração ao empenho, espírito de perseverança em levar ao Brasil o progresso de seus estudos aeronáuticos demonstrados em sua trajetória, Júlio Cézar Ribeiro de Souza merece ser valorizado e enaltecido por todos brasileiros e por isso é o grande nome deste Baile do Aviador 2024.